quinta-feira, 9 de setembro de 2010

A guerra dos bárbaros - Resistência Indígena no Sertão do Rio Grande

Paulo Ricardo Tavares
Aluno do 6º Período de História, UERN - Assu

Ao nos depararmos com a simples palavra guerra logo inflama em nós um o sentimento de medo. O fato é que não gostamos de pronunciá-la e como consequência disto, surge a negação ou o esquecimento de atos atrozes que se passaram em nossas terras potiguares. É sabido que estas terras foram pisadas por guerreiros que se banharam em grandes quantidades de sangue inocente. Trata-se da violência do homem branco oriundo de Portugal para com os índios, a população originalmente brasileira. Para os indígenas, o fato de terem sido “descobertos” já constitui um drama de proporções enormes.

Os brancos com sua avidez e cobiça, negavam respeito a tudo. O que era considerado valoroso, em especial as terras, certamente consistia em alvo dos seus interesses. Partindo desta ótica é que se deu início ao que se intitula de luta pela terra e certamente é aqui que devemos aguçar a procura pelos motivos da má distribuição das terras. Ora, não era algo bom para os índios aceitar estes roubos e também as muitas violações dos seus direitos considerados mais elementares. Isto gerou a necessidade de os “selvagens” se defenderem. Portanto, é nesta perspectiva que damos início à discussão do período mais intenso da sua resistência na nossa região, trata-se do que chamamos de “A Guerra dos Bárbaros”.

Os brancos associavam o nome bárbaros aos índios, considerados por eles como adversários. Denise Mattos Monteiro (2000) nos dá uma boa denotação a respeito deste termo: “(...) portanto, na visão destes (colonizadores) sobre a resistência indígena, pois ‘bárbaros’ seriam aqueles que se recusavam a aceitar o poder e a cultura dos homens brancos” (Monteiro, 2000). Esse conflito foi um movimento de resistência dos índios brasileiros à dominação portuguesa que surgiu entre 1650 e 1720 e que de acordo com Denise Mattos Monteiro (2000), se deu após a expulsão dos holandeses quando os portugueses deram início à sua conquista pelo interior do Brasil, ou seja, ao projeto colonizador que consistia em “consolidar a colonização da faixa litorânea e, sobretudo, iniciar a marcha de conquista de áreas interioranas” (Mattos, 2000). A Capitania do Rio Grande acabou servindo como palco das maiores batalhas durante o conflito iniciado no ano de 1683, mas que teve maior relevância no ano de 1687. Diversos grupos de índios se envolveram no conflito contra os missionários, soldados e outros agentes da coroa que estavam empenhados em abrir espaço para a criação de gado.

Pois bem. De acordo com Câmara Cascudo (1955), após a expulsão dos holandeses, um quadro de desolação tomou conta da Capitania Rio Grande: “ficou devastada, a população quase desapareceu. Gados e plantios foram destruídos. Os flamengos tinham incendiado as casas principais, queimados livros de registros”. Com isto, o governo tomou medidas para uma reorganização da Capitania reconstruindo edifícios, a defesa da cidade e também deu início a uma política de povoamento como dito anteriormente. De acordo com Pedro Puntoni (2002), os colonos que faziam do interior sua morada, com a escassez de recursos para adquirirem escravos africanos, iam à captura dos nativos.

Se tratando do processo de colonização do sertão do Rio Grande, este sobreveio de maneira intensa apenas no final do ano de 1670 e o início de 1680. Este processo não se deu de forma pacífica, pois coincide com o início da Guerra dos Bárbaros ou Guerra do Açu. Foi neste período que os grupos indígenas se organizaram no sentido de resistir e defender as suas terras. Esse evento certamente seria marcado por uma série de conflitos desencadeados entre os indígenas e colonos habitantes do interior da capitania, que resultou no movimento expansionista português que, por sua, provocou o devassamento desta região concluindo assim, com a ratificação de várias tribos indígenas. (ler o texto completo)

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