quinta-feira, 9 de setembro de 2010

O CÓDIGO DO SERTÃO

Paulo Ricardo Tavares
Aluno do 6° Período de História, UERN - Assu

Em “o código do sertão”, Maria Sylvia retrata a violência com uma espécie de conduta intrinsecamente ligada à sociedade daquela época, ou seja, dentro das comunidades presentes no sertão que se mantinham afastadas dos centros urbanos. O fato é que os casos sanguinários relatados no “o código do sertão” eram silenciosamente admitidos como forma de justificar e solucionar seus conflitos ou pelejas pessoais e até mesmo uma forma de manterem os seus sentimentos de honra e sua independência pessoal. Muitas situações e relações, aparentemente estáveis, se faziam presentes de maneira intercalada com algumas reações e situações de violência. Diante disso, alguns relacionamentos aparentemente amigáveis entre vizinhos e aqueles que mantinham certos laços de sangue, conviviam com um antagonismo claro, fazendo com que pessoas comuns se transformassem em criminosos.

A ideia subjacente do texto de Maria Sylvia, o código do sertão, é que não existia alternativa para as pessoas residentes naquele sertão senão a de continuar sobrevivendo com seus escassos meios de sustento naquela terra inóspita e rígida, assim como ter de conviver juntamente com a natureza e em lutas incessantes contra esta em constantes guerras, diante destes fatos o espírito destes destemidos sertanejos tornava-se a cada dia embrutecido. Tudo isso resultaria em uma cultura rude e primitiva que não dava possibilidade a esses sertanejos de se tornarem reais no mundo e nem de ter os ecos de sua expressão reconhecidos neste mundo. A estes, sobravam apenas o seu próprio modo de ser, ou seja, a sua existência física. A partir daí, a violência física como, por exemplo, as facadas no bucho e os golpes de enxadas na cabeça que em muitos casos, não raros, resultavam em ferimentos graves ou na morte, seriam tomadas como forma determinante no que diz respeito às resoluções dos conflitos existentes entre estas pessoas. Sendo assim, as situações onde envolviam o uso direto da violência seriam apresentadas como forma justificação em prol da defesa de “suas honras” e também como maneira de se apresentarem moldadas às questões culturais e sociais vivenciadas na região.

A segunda ideia subjacente que se faz presente no texto de Maria Sylvia trata-se de que os atos de violência no sertão se tornaram sancionados e positivos tornando-se assim, um padrão normal de conduta, algo banal e admitido publicamente. Com isto a violência adquire legalidade e se faz presente como um comportamento autoritário e permanente contribuindo constantemente na conduta nas diversas esferas da vida social e principalmente nas relações “entre iguais”. Portanto o caráter emergencial desse código que aprovou os atos de violência está amarrado às próprias condições de constituição e progresso social daquelas pessoas pobres e livres.

Referências:
FRANCO, Maria Sylvia de Carvalho. (1997). O código do sertão in Homens livres na ordem escravocrata. 4ª ed. São Paulo, Unesp.

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